31 janeiro 2007

Primeiras impressões na volta de Machupicchu


Acabei de voltar de uma viagem de 13 dias pela Bolívia e pelo Peru. Foi, indiscutivelmente, uma das maiores experiências da minha vida, tanto do ponto de vista turístico (Machupicchu é tudo isso e mais um pouco) como de desafios pessoais, como ter de vencer o próprio corpo para terminar a trilha de quatro dias. Mais pra frente, com calma, vou escrever um diário de bordo detalhado, contando tudo que vivenciei nos 13 dias de viagem. Mas, enquanto isso, vou dar as minhas primeiras impressões:

A altitude é de lascar. Você sente logo de cara. No aeroporto, em La Paz, teve gente que chegou tremendo. Eu sofri pra respirar, acordei a primeira noite inteira. No começo, fiquei arfando até pra calçar meia e tênis. Em Copacabana, na Bolívia, inventamos de jogar futebol com os locais. Os caras, incansáveis, correm o jogo inteiro. Nós agüentávamos, quando muito, 3 minutos. Nunca mais xingo a seleção brasileira quando perder da Bolívia em La Paz.

Ainda em relação à altitude: quem quiser dar um golpe do baú num milionário velhinho tem de escolher La Paz para a Lua de Mel e ficar hospedado no quinto andar de um hotel sem elevador. Depois é só pedir para ser carregada no colo pela escada e testar todas as posições do Kama Sutra. É tiro e queda.

Nunca mais reclamo do trânsito de Fortaleza. Parece o paraíso se comparado com o Peru e a Bolívia. Parece que os motoristas têm o dedo grudado na buzina, é bi bi fom fom o tempo todo, acho que se não tivesse de férias ficava doido. E isso não é só de dia não, à noite é a mesma coisa. E o povo dirige feito louco naqueles carros que nem velocímetro têm.

Nunca mais como ceviche. É gostoso, confesso, mais me deixou mal. Tive piriri dois dias da trilha. Tive de trancar tudo pra chegar ao final. Até hoje meu estômago e intestinos estão pagando o preço.

Por falar em comida, ver coelhos ou cuis (espécie de porquinho da índia local) serem servidos assados com cabeça, dentes, pés, unhas e o escambau mexeu um pouco com as meninas do grupo, que só não desistiram de comer porque tinha uma alma boa que, vendo os chiliques, se prontificou a decapitar e esquartejar os bichos.

A trilha inca de Salkantay é muito mais dura do que eu imaginava. Foram quatro dias de muito esforço e disposição para enfrentar subidas, descidas, lama, cachoeiras, pinguelas, bosta de tudo quanto é bicho de carga e etc. Mas o visual compensa tudo com sobra. O Monte Salkantay (foto) e Machupicchu são sensacionais, é impossível não enlouquecer vendo esses lugares. E não tem chuva, frio, granizo na cabeça e cansaço extremo que tire essa sensação.

O cajado é o melhor amigo do homem. Se não fosse ele, acho que dificilmente teria terminado a trilha. E também era divertido ver as meninas, todos os dias, procurando o lugar onde tinham deixado seus “paus”.

Quando seu guia disser “compre joelheiras, a descida do segundo dia é dose” escute e obedeça. Não faça como eu, que fiquei pensando: “pra que joelheira, fiz judô muitos anos, meu joelho é beleza”. Me ferrei em verde amarelo azul e branco. Meus joelhos só não doeram mais que as sete bolhas que arrumei no pé.

Quem me conhece sabe que pra me deixar mal humorado é só me largar uma hora no shopping ou 20 minutos na feira do Paraguai. Detesto sair para fazer compras. Mas tudo é tão barato na Bolívia e no Peru que nem eu resisti ao consumo. Pechinchei, pechinchei e sai de lá com dois pratos de parede, um tapete, um panorama, uma manta de sofá, dois tênis, quatro camisetas, dois casacos de alpaca para as crianças e 10 dedoches para o Pedro. Me senti uma Iara.

Aprendi uma lição pra vida toda: nunca deixar uma pessoa querida ir pra longe de você chateada, com rancores. Vai que acontece alguma coisa e você vai ficar se culpando o resto da vida. Vivi uma situação nessa viagem (da qual não gosto nem de lembrar) e desde então tenho pensado muito nisso.

Não podia ter melhor companhia nesses meus 13 dias de viagem. Conheci pessoas fantásticas, que fizeram ainda mais especial este meu sonho de conhecer Machupicchu.

Adoro comida quente e coca-cola e cerveja geladas. Isso, por aquelas bandas, é raro.

Por enquanto é isso. Mais pra frente vem o diário de bordo.

12 Comments:

At 4:04 PM, Anonymous Anônimo said...

Gostei do seu depoimento sobre a altitude. O que você não teve chance de provar, é o contrário. Como as pessoas que vivem por lá tem mais glóbulos vermelhos para tentar pegar mais oxigênio (algo escasso por lá), quando vem jogar futebol no Maracanã, o metabolismo pega mais oxigênio e isso "queima" toda a energia que a pessoa tem rapidamente. Então com 45 minutos o cara está esgotado e sufocado pelo calor. É muito ruim.
O Salkantay que você fala não é o Chacaltaya? 5.700 mts sobre o mar, estação de esqui e observatório?
Uma coisa que você não disse é que como um país com tanto índio só agora botou um indígena no poder.
No mais, acho nada é tão bom, do que comprovar, mais uma vez que a nossa casa é a nossa casa.
abraço
Walter

 
At 4:49 PM, Anonymous Anônimo said...

Coisa boa receber notícias suas!!
A última que tive foi através do Túlio quando estive em João Pessoa no final de dezembro.

Parece até que moramos cada um num sistema solar diferente!

Abração

 
At 5:23 PM, Anonymous Anônimo said...

GOSTEI, MEU AMIGO, DO RELATO, QUE VENHA O PRÓXIMO. DEVE TER SIDO MESMO DUCA!

 
At 11:55 AM, Anonymous Anônimo said...

Alê! Gostoi muito do seu depoimento MachuPicchuniano! Ri pra caramba!!! É muito bom lembrar dessa viagem...dá aquela saudade de tudo! Quando quiser fotos para o diário de bordo, pode pedir!! Se seu blog carregar vídeos, vamos tentar levantar uma grana com o vídeo da Mayra! :) Não, tô brincando!!
Enfim... besos chico!

 
At 9:32 PM, Anonymous Anônimo said...

Vc está de parabéns por ter sido mais um a descobrir maravilhas de nosso continente... os brasileiros ainda tem que se voltar para os países hermanos - sempre demos as costas para eles, no bom sentido...
Viajei à Colômbia no ano passado e recomendo! Abraços, meu velho.

 
At 6:58 PM, Anonymous Anônimo said...

Ale!
Agora que você foi batizado em grande estilo no mundo dos backpackers que tal por as Sierras Nevadas no seu roteiro? Trilhas em altitude e oportunidades para desafios pessoais é o que não falta por aqui.
Estou esperando pelo diário de bordo. Abraços.

 
At 8:42 AM, Blogger Cezar Dias said...

Agora sim! Ficaram muito boas as tuas impressões. Espero que continues os teus relatos. Abraço!

 
At 11:26 PM, Blogger Unknown said...

Oi meu bem, que bom que vc gostou, adoraria estar com vc nessa aventura, assim como a 15 anso atras, lembra.....
No mais nao suma MUITOS BJOS PARA TODOS.....

 
At 12:04 PM, Anonymous Anônimo said...

Olá, Alê! Que realismo! Vc descreveu de forma muitíssimo bem humorada as delícias e as agruras q este nosso grupo passou na excursão a Machu Picchu.

Tudo foi maravilhoso: paisagens lindas, comidas exóticas, cervas quentes, bolhas mil nos pés ensacados, além de joelhos esfolados. E a fissura pelo narguilé???

Eu, então, identifiquei-me totalmente com a experiência do “conejo frito”. Ainda bem q sempre há um destemido para arrancar cabeças por mocinhas frescas, q fazem pedidos ao garçom sem antes perguntar o que é aquele prato de fato! Kkkkkkkk!

Ñ sei a sua, mas minha casa parece um museu inca... tantas as peças compradas a “precios de plátanos”, como bem disseste. Ah! Este meu ímpeto consumista! Cruzes! Talvez, nunca mais use os gorros, poncho e até a saia de cholita adquiridos por lá. Mas valem pela história. Espero que a Iara e as crianças tenham gostado dos regalos.

Até hoje, quando vejo as fotos, custo a acreditar q todos nós conseguimos chegar lá. Parecem montagens, com montanhas nevadas ao fundo!

E os quase intermináveis quatro dias de caminhada, enfim, TERMINARAM! Resta agora uma saudade de todos estes momentos.

Valeu, rapaz! Dei boas gargalhadas c/ seu relato fiel.

Espero que, além do melhor amigo do homem – o cajado, tenha conquistado novos amigos nesta aventura.

“Inté”,
Dani Almeida.

 
At 11:51 AM, Blogger Patrícia Cunegundes said...

Agora fiquei com vontade de ir também!!!

 
At 5:37 PM, Anonymous Anônimo said...

Oi Alexandre!

Achei seu blog pesquisando sobre o caminho de salkantay.Achei bacana seu depoimento. To pesquisando muito prá fazer uma viagem ao Peru. Vi que você falou do transito de Fortaleza. você é do ceará meu bixim? eu moro em Fortaleza e acho o transito daqui um terror!!!! hehehe. Assim como você, sou ariana e vou fazer essa viagem com outra ariana.Pôxa! se puder e não for abuso, meu e-mail é reginamarteli@yahoo.com.br, qualquer dica será bem-vinda para realizar essa minha aventura.

Um abraço.


Regina Martinho

FORTALEZA-CE

 
At 12:09 PM, Blogger Ane Brasil said...

nossa, que aventura!
fale mais sobre isso!
sorte e saúde pra todos!

 

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