O blog da Petrobras
Acredito que em alguns anos a polêmica sobre o blog da Petrobras terá o status de divisora de águas no jeito de se fazer jornalismo impresso. Quando cair a ficha, teremos que encarar que realmente o mundo não é mais o mesmo.
Ninguém mais precisa dos veículos de comunicação tradicionais para ter acesso à informação. E muito menos para divulgá-la. Estão aí o YouTube, o Twitter e esse bando de redes sociais online. Ou seja, a internet dispensa os veículos tradicionais de comunicação para distribuir a informação. Então não precisamos de jornalistas. Certo? Errado.
A profissão nunca foi tão necessária quanto hoje. Afinal, precisamos que nos revelem os caminhos desse mar de informação, função para a qual os jornalistas deveriam estar preparados. A internet deixa claro que esses profissionais de comunicação são indispensáveis para sinalizar, entre o que está pipocando na rede, o que tem qualidade e é confiável.
Como a Lúcia Hippolito, por exemplo, que sobre a decisão da OEA de abrir caminho para readmissão de Cuba, foi além da notícia. Resgatou fatos históricos e estabeleceu uma conexão com o presente. (Ouça o comentário)
Outro ponto positivo desse episódio é revelar a necessidade de avaliar a prática do jornalismo declaratório. A tecnologia permite que os donos da informação não precisem mais dos veículos de imprensa para torná-la pública. Mas a opinião pública continua precisando dos jornalistas para avaliar o cenário de um jeito mais amplo, que considere o contraditório e o interesse público das questões.
Espernear contra esse blog é nadar contra a corrente. Sejamos realistas, é um caminho sem volta que, convenhamos, não pegou ninguém desavisado. Tem é tempo que a internet está bombando e mudando o jeito das pessoas se comunicarem.
O lado bom é que as crises permitem as grandes reviravoltas. É uma chance de ouro para a imprensa, especialmente a escrita, tomar lugar nessa revolução cibernética. Torço para que a leitura diária do jornal impresso ganhe mais cor. É frustrante acessar os portais de notícia meia noite e, no dia seguinte, pela manhã, abrir o jornal e não ver nenhuma novidade. Com raras e honrosas exceções, nossos impressos reproduzem o que já está na internet.